domingo, 24 de março de 2024

A entrada de Jesus em Jerusalém no Domingo de Ramos

Jesus entrou num humilde burrico
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








No Domingo de Ramos, comemora-se a entrada triunfante de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém.

No andor principal Nosso Senhor entra sobre um burrico na Cidade Santa.

No andor seguinte, a Mãe de Deus contempla a tragédia que se avoluma.

A entrada de Jesus em Jerusalém, no Domingo de Ramos, patenteia quanto o povo O apreciava incompletamente.

Aclamavam-No, é verdade, mas Ele merecia aclamações incomensuravelmente superiores, e uma adoração bem diversa!

Humildemente sentado num burrico, Ele atravessava aquele povo, impulsionando todos ao amor de Deus.

Em geral, as pinturas e gravuras O apresentam olhando pesaroso e quase severo para a multidão.

Para Ele, o interior das almas não oferecia segredo.

Ele percebia a insuficiência e a precariedade daquela ovação.

Nossa Senhora acompanhava passo a passo a tragédia
Nossa Senhora percebia tudo o que acontecia, e oferecia a Nosso Senhor a reparação do seu amor puríssimo.

Que requinte de glória para Nosso Senhor!

Porque Nossa Senhora vale incomparavelmente mais do que todo o resto da Criação.

Este é o lado misterioso da trama dos acontecimentos da Semana Santa.

Maria representava todas as almas piedosas que, meditando a Paixão, haveriam de ter pena d’Ele e lamentariam não terem vivido naquele tempo para tomar posição a seu lado.





VÍDEO: ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM





Palm Sunday: triumphal entrance of Our Lord Jesus Christ in Jerusalem.
(english version)



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “Catolicismo”, abril de 2003)



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domingo, 17 de março de 2024

O culto medieval à Coroa de Espinhos do Salvador

Jesus coroado de espinhos
Jesus coroado de espinhos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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"Pilatos então tomou Jesus e mandou-o açoitar. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puse­ram-lha sobre a cabeça".

Narra a Tradição que a santa Coroa de espinhos, referida nessa passagem do Evangelho de São João, foi recolhida pelos discípulos do Divino Salvador e conservada até o ano de 1063 no monte Sion, em Jerusalém.

Coube a São Luís IX, rei de França, a glória de ter adquirido do Imperador de Bizâncio, em 1239, essa relí­quia inestimável.

Para abrigá-la condignamente, mandou construir a mais bela jóia arquitetônica em estilo gótico existente na Europa: a Sainte Chapelle de Paris.

Veja mais sobre a Sainte Chapelle em CATEDRAIS MEDIEVAIS



Atualmente, a Santa Coroa de espinhos pode ser venerada na Catedral de Paris, onde se encontra pro­tegida por fino anel de cristal, sob a custódia dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém.

Atual relicário com a Coroa de Espinhos, catedral Notre Dame de Paris
Atual relicário com a Coroa de Espinhos, catedral Notre Dame de Paris
Esta Ordem Militar foi fundada por Godofredo de Bouil­lon, duque de Lorena, que conquistou a Terra Santa aos sarracenos, em 1099.

Ele recusou ser coroado de joias no local onde Nosso Senhor foi coroado de espinhos.

Ao longo dos séculos, vários relicários foram elaborados pela piedade católica para guardar a sagrada relíquia.

A maioria dos espinhos foi distribuída em catedrais e igrejas para a veneração dos fiéis.

O mais belo e rico relicário, foi desenhado para a catedral de Paris, em 1853 por indicação de Viollet­-le-Duc, o famoso arquiteto que restaurou Notre Dame de Paris.

A base do relicário, em estilo neogótico, represen­ta São Luiz IX, Santa Helena e o Imperador latino de Bizâncio, Balduíno de Courtenay, que sustentam uma coroa de flores-de-lis, cujas pilastras são, por sua vez, apoiadas em doze estátuas representando os Apóstolos.




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domingo, 3 de março de 2024

Procissão do Preciosíssimo Sangue,
em Weingarten, Alemanha

O sacerdote 'Cavaleiro do Sangue' leva a relíquia abençoando o povo
O sacerdote 'Cavaleiro do Sangue' leva a relíquia abençoando o povo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Todo ano se realiza a Blutritt [Procissão do Preciosíssimo Sangue].

É uma procissão a cavalo, em honra de uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Acontece na cidade de Weingarten, Baden-Württenberg, Alemanha, na 6ª feira após a Ascensão, ou Blutfreitag [Sexta-feira do Sangue].

A tradição manda que só os homens participem.

A Abadia de Weingarten conserva, há mais de 950 anos, uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ela é exposta uma vez ao ano na igreja do Mosteiro.

No dia da festa, um sacerdote ou ‘Cavaleiro do Sangue’ a leva pelas ruas da cidade.

É acompanhado por três mil cavalarianos, pertencentes a mais de cem grupos, em fraque e cartola.

Uma banda de 80 componentes desloca-se em torno ao Cavaleiro do Sangue.

A procissão é religiosa e civil. Romeiros de toda a Suábia Superior e da Baviera vêm à festa.

Esse Sangue foi colhido por São Longino após a cura de seu olho.

Relíquia do sangue de Nosso Senhor, Weingarten, Alemanha
Relíquia do sangue de Nosso Senhor, Weingarten, Alemanha
Longino foi o centurião romano que atravessou o lado de Nosso Senhor morto na Cruz.

Na hora de enfiar a lança no Sagrado Coração, saíram umas gotas que atingiram seus olhos e o curaram da cegueira.

Ele conservou esse Sangue, junto a uma porção de terra do Calvário, numa caixa de chumbo.

Batizado, partiu ele para Mântua, na Itália. Antes sofrer o martírio São Longino escondeu a caixa, e o local ficou esquecido.

No ano de 804, quando Carlos Magno imperava sobre o Ocidente, o local foi milagrosamente revelado ao cego Aldibero.

O cego se dirigiu ao duque de Mântua, ao Imperador e ao Papa.

Levado ao local da visão, a caixa foi encontrada e Aldibero recuperou a vista imediatamente.

Grande devoção passou a cercar a relíquia. O Papa São Leão III a venerou publicamente.

Porém, voltou a desaparecer durante as invasões húngaras e normandas.

Ela foi redescoberta em 1048, tendo sido solenemente reconhecida pelo Papa São Leão IX na presença do imperador Henrique III e muitos dignitários.

Judite, duquesa da Baviera, irmã do conde Balduíno V de Flandres e de Santa Adela da França, doou o relicário à abadia de Weingarten.

Ali, a relíquia é venerada há quase um milênio.

Ela está exposta numa capela ao lado da basílica de São Martinho.

A procissão nos campos, Blutfreitag, Weingarten, Alemanha.
A procissão nos campos, Blutfreitag, Weingarten, Alemanha.
A procissão a cavalo remonta à Idade Média. Porém, o primeiro escrito que faz menção dela, data de 1529.

As festas começam na missa da Ascensão, com uma procissão das velas até a vizinha cidade de Kreuzberg.

A procissão equestre inicia-se no dia seguinte, após a missa dos cavalarianos às 6 da manhã.

Fanfarras e coros também fazem a romaria.

A procissão percorre as ruas da cidade acompanhada por mais de trinta mil romeiros.

Ela se detém em quatro estações do caminho e termina a meio-dia diante da basílica.

Ali, a relíquia é venerada pelos fiéis durante a tarde toda.

História da abadia


A abadia beneditina de Weingarten foi fundada em 1056, por Guelfo I, duque da Baviera.

Os monges elaboraram famosas iluminuras de manuscritos, a mais famosa das quais é o Sacramentário de Berthold, de 1217.

Em 1274, o mosteiro ganhou estatuto de feudo independente de qualquer poder temporal, exceto do imperador.

Seu território era de 306 km2, incluindo muitas florestas e vinhedos.

Missal de Weingarten
Missal de Weingarten
A primeira igreja românica foi construída entre 1124 e 1182.

Entre 1715–24 foi substituída por uma maior, em estilo barroco, ricamente decorada.

Em 1803, a revolução anticristã se voltou contra o Sacro Império e aboliu os estados menores independentes, como Weingarten.

A abadia foi dissolvida e suas propriedades confiscadas pelo principado de Nassau-Orange-Fulda, e depois pelo reino de Würtemberg.

Naquela ocasião os riquíssimos relicários de ouro e pedras preciosas foram roubados de modo sem vergonha pelo laicismo rompante.

Em 1812, sob os efeitos revolucionários das invasões de Napoleão, a procissão foi proibida.

Mas retomou em 1849 e continua até agora.

Em 1922, a abadia de Weingarten foi refundada por monges beneditinos da arquiabadia de Beuron e da abadia de Erdington, Inglaterra.

Em 1940, o nazismo expulsou os monges, mas eles voltaram após o fim da guerra.

Os monges pertencem em parte ao rito romano e em parte ao rito bizantino.




Vídeo: Procissão do Preciosíssimo Sangue de Cristo (Weingarten, Alemanha)






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domingo, 18 de fevereiro de 2024

Don Galcerán De Pinós, o cruzado liberado por Santo Estevão

Santo Estevão, Salamanca
Santo Estevão, Salamanca
Luis Dufaur
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No século XII, Afonso, Imperador de Castela, sustinha renhidas batalhas contra o rei mouro de Granada.

O Conde de Barcelona acudiu em sua ajuda, fretando naves catalãs e genovesas.

Era almirante das primeiras, Galcerán Guerras de Pinós. Em seu afã das vitórias, se adiantou demasiado no território mouro e caiu prisioneiro.

Seus pais, os senhores de Bagá, estavam desesperados. O Conde de Barcelona se pôs em tratos com o Rei de Granada, para ver que resgate pedia pelo almirante Galcerán.

O Rei de Granada, enfurecido por ter perdido Almería, pediu um resgate exorbitante: cem mil dobles, cem cavalos brancos, cem vacas bragadas, cem panos de ouro de Tanis, e o que era pior de tudo, mais cem donzelas.

Os senhores de Bagá se aterrorizaram ante a última condição e decidiram que, apesar de muita dor que lhes causava ter o filho cativo dos mouros, não podiam consentir, para que ele fosse devolvido, que tantos pais sofressem a dor de ver perdidas para sempre suas filhas.

Não obstante, foram muitos os argumentos dos poderosos senhores que opinaram que o povo devia sacrificar-se, e que o almirante representava uma grande ajuda para a Cristandade.

Aquele que tivesse quatro filhas, devia entregar duas; o que tivesse duas, daria uma, e o que tivesse uma seria sorteado com outro que tivesse uma também.


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Recolheram por fim, tudo quanto o Rei mouro de Granada queria e partiram, para embarcar na praia da Salon.

Entretanto, Galcerán Guerras de Pinós, estava encerrado numa masmorra imunda, sofrendo todos os horrores da escravidão. Com ele se achava também o cavaleiro Sancerni, senhor de Sull.

Várias vezes haviam tentado fugir, sem conseguir. Outras tantas quiseram subornar a seus guardas, e tampouco tiveram êxito.

Santo Estevão, catedral de Newcastle
Santo Estevão, catedral de Newcastle
Galcerán, que era mais jovem sonhava constantemente com sua casa de Bagá, seus salões, seus jardins e sua capela. A lembrança disso trouxe a sua mente o desejo de encomendar-se a Santo Estevão, o patrono de sua casa.

Rezou com grande fervor, encomendando ao santo sua salvação.

Terminada sua reza, os cativos viram que se havia aberto a porta de sua masmorra e um homem celestial, aproximando-se de D. Galceran levou-o para fora.

O almirante sempre cortês e caritativo, parou na porta, indicando com o olhar ao senhor de Sull, que ficaram muito assustado.

Então o santo falou, para que ele também se encomendasse ao seu patrono.

Fez assim, o cavaleiro de Sancerní, rezando com o mesmo fervor a ao Dionizio, o qual não deixou de acudir, libertando a ele também.

Ambos se encontraram caminhando livres à meia-noite e com grande surpresa, se encontraram com o clarear do dia em Tarragona.

Continuando pelos caminhos de Bagá, vieram de pronto uma multidão silenciosa que marchava em direção contrária.

Perguntaram aonde iam, e um homem de gesto grave e dolorido lhes respondeu que se dirigiam para Granada pagar o resgate de Dom Galcerán e de D. Sancerní, para o qual haviam sacrificado cem donzelas.

Os cavaleiros, então, se deram a conhecer, e entre felicitações a Deus empreenderam todos o caminho até Tarragona.

Mais tarde, quando Valencia foi libertada, o almirante mandou levantar a igreja de Santo Estevão, daquela capital, em ação de graças.

Hoje, entretanto, se recorda a aventura que tanta angustia proporcionou a tantas famílias do senhor de Galcerán, de pais e filhos, se conta as peripécias dos cavaleiros, cujos sepulcros se conservam na história do mosteiro de Santo Creno. (p.198 e 199)

(Fonte: V. Garcia de Diego, Antologia de Leyendas de la Literatura Universal, Editorial Labor S.A., Madrid-Espanha, 1ª edição, 1953).




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